Sou uma mulher preta!
- Viviane Melo
- 8 de mai. de 2023
- 3 min de leitura
Atualizado: 20 de jun. de 2023
Sempre soube disso?
Tinha essa consciência? Não!

Venho de uma família inter-racial (pai preto e mãe branca) e vivi a maior parte da minha juventude morando em morro (comunidade), a maioria dos moradores era de classe baixa e miscigenados.
Na minha infância nunca passou pela minha cabeça pensar sobre diferença racial / social ou desigualdade de gênero, minha família era muito mesclada, então ser branco ou ser preto era tudo igual, como vivíamos em uma comunidade a minha realidade social era muito igualitária na região que eu cresci, tinha consciência que todos nós éramos pobres e tínhamos que lutar e trabalhar muito para conquistar as "coisas" e também nossos sonhos.
“Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados pela sua personalidade, não pela cor da sua pele.” (Martin Luther King)
Comecei a refletir sobre o assunto de desigualdade, quando no ensino médio passei em um processo seletivo para estudar em uma escola estadual no RJ, que era para dar ensino de qualidade a classe baixa, mas a maioria dos alunos que conseguiam entrar para esta escola eram de classe alta.
Para iniciar o pensamento sobre aquela época, lembro que a maioria dos alunos tinha feito preparatório em "cursinho", enquanto eu estudava sozinha em casa, e vocês podem pensar, ela tinha todo o tempo do mundo? Mas não, além de estudar na escola e em casa, precisava trabalhar (nesta época trabalhava em casa de família como Babá), ajudava com os afazeres domésticos (tinha uma irmã menor). Com muita dedicação, noites sem dormi, indo á biblioteca para ler livros (hoje é muito mais fácil tem ALEXA) passei e estudei 4 anos nesta escola técnica e continuei a trabalhar mesmo sendo um colégio integral, fiz estágio e me formei.
“Precisamos ser criadas para a liberdade. O mundo é grande demais para não sermos quem a gente é.” (Elza Soares)
Quando entrei no mercado de trabalho, senti na pele o que era racismo e desigualdade de gênero, fui privada de ser promovida em diversas empresas pela cor da minha pele, meu cabelo fora do padrão e também por ser mulher.
Virei gestora muito cedo (tinha cerca de 20 anos), logo assumindo o cargo supervisora atuando como liderança de uma equipe de cerca de 100 homens (motoboys), não foi fácil, no início recebia cantadas, era menosprezada e humilhada, recebia menos que outros gestores, era motivo de piada, contudo tudo o que passei fez com que eu crescesse como pessoa, profissional e cidadã.
Depois no nascimento do meu filho, foi outro momento que sofri por causa de preconceito. Vários conhecidos me viam com carrinho de bebê e perguntavam cadê o seu filho? E eu sem acreditar, pois, ele estava no carrinho, mas, porque ele era branco, loiro e de olhos azuis não poderia ser meu filho. Nem vou contar mais sobre, não gosto nem de lembrar.
Meu filho aos 2 anos e meio, preencheu um relatório da escola que abordava as suas origens e suas raízes familiares. Nesta fase meu filho já estava com o cabelo mais escuro e enrolado, os olhos eram verdes, preencheu o formulário como se tivesse cabelo preto, olhos pretos e pele escura marcando as crianças que ele se identificava, assim a escola me chamou preocupada para conversar sobre o porquê meu filho não se reconhecia, pois, se achava preto. Até o corpo acadêmico atualmente (2023) não sabe lidar com essas diversidades e representatividades.
Apesar de todas estas situações que eu vivi nunca pensei em estudar sobre estes assuntos. Hoje estou tendo essa oportunidade por incentivo outras mulheres incríveis, que estão me ajudando a enxergar o mundo com suas reais verdades que muitas das vezes não conversamos que não é fácil. Precisamos debater sobre os desafios, as dificuldades, as batalhas e as superações.
“Por isso, digo sempre aos meninos e meninas que têm origem parecida com a minha: não há vida com limite preestabelecido. Seu lugar é aquele em que você sonhar estar.” (Lázaro Ramos)

Bora? Iniciar esse letramento!
Coloquei algumas frases de autores que abordam sobre estes assuntos de diversidades e também a sugestão de dois livros que tem o foco no racismo e no feminismo (foram os primeiros que eu li).
“Não viva para que a sua presença seja notada, mas para que a sua falta seja sentida.” (Bob Marley)
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Escrevi recentemente sobre este tema no meu Linkedin, quem tiver interesse em conhecer, acesse:
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